Estamos no terceiro ano do Projecto INOV@R com QI na ESFA pelo que decidimos ouvir a opinião de professores e alunos. Começámos por um professor que está no projecto “de corpo e alma” desde a sua génese – Ângelo Fernandes, professor de Ciências Físico-Químicas.
Como foi a recepção dos Quadros Interactivos por parte dos professores e dos alunos? Ângelo Fernandes: A recepção dos Quadros Interactivos dependeu do tipo de aluno e do nível de ensino. Os Quadros Interactivos tiveram um impacto mais instantâneo nos alunos do ensino básico. Os professores usavam recursos relativamente simples, como as formas automáticas, as cores, etc., muito mais aliciantes para o nível etário dos alunos do básico do que secundário. O impacto nos alunos do secundário foi mais gradual, pois o quadro serviu inicialmente para usar sobretudo alguns dos recursos anteriores, como por exemplo o PowerPoint, mas, à medida que mais recursos, mais ferramentas e potencialidades do quadro iam sendo exploradas, foi interessante perceber que os alunos se iam motivando cada vez mais. As novas ferramentas, introduzidas pelas actualizações do software Starboard, ao permitirem uma outra dinâmica na apresentação dos flipcharts, com a introdução de flash e de documentos java, (coisas que já estão feitas e que nós vamos encontrar na internet) proporcionaram de facto uma outra dinâmica de aula e um outro interesse renovado por parte do aluno do secundário. Para manter a motivação dos alunos do básico, só usar o quadro não serve. É preciso usá-lo com dinâmica, permitindo bastante interacção com o aluno, não devendo ser só o professor a usá-lo. Como foi a adaptação aos Quadros Interactivos por parte dos professores e dos alunos? A.F.: A adaptação, no início, não foi de facto muito rápida, pois ainda estávamos a aprender a usar o quadro, como é evidente. Muitas dessas aprendizagens resultavam de nós e de muito trabalho em casa “à descoberta”. No entanto, não era um trabalho solitário, pois trocávamos muitas impressões (ainda agora trocamos) com os colegas que estão no projecto. Um descobria uma coisa e comunicava aos outros, o que também ainda agora fazemos. As sessões de formação, dinamizadas pelo projecto, também permitiram aprendermos mais rapidamente do que se estivéssemos à espera das nossas aprendizagens de forma autónoma. Essa altura até talvez tenha sido mais motivadora para mim, porque, como era algo de novo, eu estava também a descobrir sempre coisas novas. Aquilo que eu um dia conseguia fazer, no dia seguinte sabia fazê-lo de uma forma muito mais prática, muito mais rápida, com outro impacto também. Na fase actual, já não há “novidades” todos os dias. Agora, essencialmente, é aperfeiçoar a prática, quer em termos temporais quer de dinâmica de aula. A minha experiência, e tenho estado mais com o secundário, diz-me que a motivação dos alunos tem vindo em crescendo, ou seja, à medida que eu vou conseguindo fazer as coisas de uma forma mais agradável, mais prática, mais esclarecedora, eles também se motivam mais. Como tem sido a evolução no Projecto Inov@r com QI, por parte de professores e de alunos? A.F.: Em termos da escrita, o impacto inicial, a vontade de ir fazer, de ir escrever, pois era uma coisa nova, esmoreceu um pouco. Julgo haver um certo retraimento quanto à utilização do QI por parte do aluno para a escrita, porque se nota que há alguma dificuldade no manuseio da caneta. Os alunos começaram a perceber que a letra não ficava muito bonita e tinham alguma dificuldade em escrever. No entanto, notei, e ainda hoje noto, uma melhoria constante na motivação dos alunos para a utilização dos recursos disponíveis. Por exemplo, quando os alunos estão no quadro e lhes surge uma dúvida na resolução de uma actividade, é notória a facilidade com que acedem de imediato à internet ou ao arquivo para pesquisar a solução. Claro que isto pressupõe uma organização prévia minha. Eu levo sempre material preparado de casa. Tem a ver com a gestão de tempo da aula. No entanto, isto não deixa de permitir que o aluno possa intervir de uma forma autónoma. Os alunos têm ali todos os recursos sem terem de ir à carteira ou à biblioteca consultar o que quer que seja. A motivação do aluno depende também da qualidade didáctica do professor. Não só do tema que estamos a tratar, mas também da forma como esse tema está a ser explorado. E a melhoria da qualidade de apresentação por parte do professor depende muito da sua evolução no projecto, da forma como o professor encara o quadro interactivo e como prevê a sua utilização. Assim, se a motivação dos alunos tem sido progressiva, isso é reflexo do desenvolvimento do próprio projecto. Aliás, ao comparar a primeira apresentação pública do projecto com a última, cedo me apercebi de que na 1ª apresentação, logo no primeiro ano do projecto, cada um de nós apresentou ao público as ferramentas e potencialidades do quadro que achava mais importante para o seu nível de ensino. Nas últimas, notei que a exploração do quadro na sua globalidade, em termos de potencial, não é apanágio de um determinado ciclo. As nossas apresentações já são quase todas iguais, em termos de recursos a explorar. Há um grupo de pessoas que explora de facto o quadro interactivo e não se limita a utilizar uma meia dúzia de ferramentas e potencialidades, o que é um reflexo de que há progressão em termos de utilização dinâmica do QI. Sinto isto eu, mas também o sinto nos colegas que tenho acompanhado no projecto. É a maior prova da qualidade do projecto. Os Quadros Interactivos são de facto uma ferramenta para usar no futuro? A.F.: Enquanto não houver uma ferramenta melhor do que o quadro interactivo, desde que me disponibilizem salas com quadro, eu utilizá-lo-ei certamente. A utilização de flipcharts tem sido uma mais-valia. Ao longo destes 3 anos tive a oportunidade de preparar aulas que estão gravadas em flipcharts, que em qualquer momento posso recuperar e melhorar, o que se vai repercutir no tempo de preparação de aulas. É de salientar que podemos já disponibilizar estes recursos para os alunos os consultarem em casa. Embora não tenha dados estatísticos, penso haver uma melhoria no aproveitamento dos alunos produzida pela utilização dos quadros interactivos. |